terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Impermanência

Por entre as sombras
do desejo, o movimento
entre ser e não ser,
o poente e o levante

Por entre jornadas distantes
em qualquer tempo
apenas o esquecimento
retorna

Por entre a busca
da lembrança
apenas os instantes
insubstanciais persistem

E tudo em queda livre
ao seu ser...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

um dia os meus sonhos cessarão,
meus olhos se cerrarão,
meu sorriso se extinguirá,
eu serei apenas poeira e ilusão

um dia não mais estarei aqui,
não mais saberei dizer olá,
nem sentirei mais a brisa
ou verei o mar

um dia estarei só,
em estado de apenas não existir,
seja aqui ou ali,
tão e somente assim,
deixado para ser esquecido

um dia, mas apenas um dia...
hoje, espero que não, hoje, não...

O que há na jornada
Que não tenhamos ali
Trilhado
Ao reverso, quase
Em um ir e vir sem fim?

O que há no reverso
Que não tenhamos lá
Jornadeado
Em trilhas, quase
Em um ir e vir sem partida?

O que há no fim
Que  não tenhamos cá
Trilhado
Em reverso, quase
Em um ir e vir sem jornada?

O que há nas trilhas
Que não tenhamos alhures
Findado
Em jornadas, quase
Em um ir e vir sem volta?

Se queres acreditar em “espelhos” sem alma,
Que lhe traem por não terem o seu brilho,
Então ficas em tão assombradas mãos,
Esperando essas farsescas criaturas
Dar-lhe o que é seu e só seu.
Eu retiro-me de tão venturosa batalha,
Cansado, alquebrado, mas em meu cavalo alado,
E parto rumo aos caminhos de mim mesmo.

Olvido-me a desejar,
Grávido em tormentas,
A nascer-me estrada,
E retornar.

Andarilharei pelas sombras de mim,
À procura do que não perdi,
Junto a caminhos que não escolhi
E lá, não encontrarei o que não busquei,
Porque sequer lembrei-me de partir.

Entre o não mais de qualquer dizer
E o ainda não do jamais dito,
Entre o não mais dos descaminhos e
O ainda não de qualquer direção, eu existo,
Simplesmente, infindo.
E só nesse intervalo, enquanto, vivo.