segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Carta para Swami Rama

Oh, Rama, meu Bhagwan, dize-me: quando soubestes que Tua Sita fora raptada por Ravana não empreendestes todos os vossos esforços em encontrá-la?

Quando não a tinhas ao seu lado, vendo o seu sorriso, sentindo-lhe a meiga presença, não sentias o Vosso coração parar, Vossos pensamentos tornarem-se confusos, Vosso estômago com dor lancinante?

Quando pensavas nela não sentias que o mundo parava, que coisa alguma fazia sentido, que tudo não mais importava senão tê-la consigo novamente?

Dize-me, oh, meu Bhagwan: não farias qualquer coisa para estar com ela? Não atravessarias galáxias, sistemas, sóis, nebulosas? Não empreenderias guerras sem fim se fossem necessárias?

Então, oh, mui Amado dentre todos, por que permitistes que eu, Vosso Swami e guerreiro, encontrasse a minha Abha e não pudesse estar com ela? Não pudesse amá-la todos os dias? Não pudesse despertar tendo-a ao meu lado, vendo os seus olhos, sentindo a sua doce presença?

Se tu, oh, mui Amado Senhor de todos os senhores, não suportastes não ver os olhos de vossa amada Sita por que me pedes que eu suporte não ver os de minha Abha? Por que me mantém distante dela? Por que me deixas nessa aflição infinda?

Será que Vossa mais do que Augusta Vontade, desde os primórdios do tempo, quis assim? E por que, meu Bhagwan, por quê? Não fui eu um fiel Swami, eu não lutei ao teu lado em todas as Vossas batalhas? Não estive eu contigo diante de Vosso sofrimento por Sita? Não lhe dei meu ombro amigo para tentar aplacar a dor indescritível?

Diga-me, oh, meu Senhor: por que fazes comigo o que não desesjastes para si mesmo? Por que permites que teu Swami sofra tanto vendo a mais do que amada Abha aproximar-se e partir indefinidamente? Por que meu Rama, por quê?

Quisera eu ser como o meu Bhagwan, capaz de mover os universos, as luas, as estrelas, para estar com a sua Sita. Quisera eu ser o Inefável Senhor de todos os senhores. Como Tu, eu também mataria mil Ravanas se fora necessário para estar com a minha Abha.

Eu sofro, meu Rama, e como sofro pela ausência daquela que faz o meu coração bater, os meus pensamentos serem inteligíveis e a minha vida ter sentido. Eu sofro, meu Amado Bhagwan, por vê-la e não poder tocá-la, estar com ela alguns instantes e ao mesmo tempo não estar. Eu sofro, Amado.

Eu entendo a Vossa Vontade em deixar-me reencontrá-la após toda a minha desdita e o bendigo, meu mui Amado Senhor dos Céus, mas eu continuo a perguntar-lhe por que para Vós Sita é tudo, e para mim, teu Swami, minha Abha fica distante, sendo ela tudo para mim também?

Responda-me, oh, meu Amado, responda-me, ainda espero as Vossas celestes palavras em meu coração para aplacar tal infinda dor. Responda-me, oh, Senhor das Estrelas, responda-me por que tenho sentido-me tão enfraquecido sem o meu amor quanto sentistes ao saber que Sita se fora...

Seu Swami ainda espera por Vossa Sabedoria em meu coração... E por Vossas sábias palavras de inspiração... Mas, meu Amado Senhor, eu que sofri tanto ao buscá-la, e por Vossa Misericórdia Infinita a revi, ainda sofro por não poder estar com ela como Vós estás com vossa Sita.

Deixe-me, meu Bhagwan, amar minha Abha como Tu amas Sita. Deixe-me tocá-la a cada manhã, a cada entardecer, ao anoitecer, deixe-me vê-la ao alvorecer e ao ocaso. Deixe-me protegê-la e dar a ela a minha presença como Tu dás a Vossa Sita.

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